A Amnistia Internacional instou as autoridades marroquinas, esta terça-feira, a libertarem mais de 400 pessoas detidas por protestos no norte do reino no ano passado.
O apelo ocorre quando o Tribunal de Recurso de Casablanca realizou uma nova audiência no julgamento do líder dos protestos, Nasser Zefzafi, e outros 53 detidos, alguns deles acusados de crimes de segurança do Estado, que podem levar a uma pena de prisão até 20 anos.
De acordo com a organização, crianças e vários jornalistas estavam entre pelo menos 410 pessoas detidas desde maio, devido aos protestos, em grande parte pacíficos, na região de Rif, desde outubro do ano passado.
“A repressão aos manifestantes de Rif nos últimos meses tem sido implacável”, disse o diretor do gabinete de pesquisas para a África do Norte, Heba Morayef. “As autoridades devem libertar Nasser Zefzafi e outros detidos por protestar, pacificamente, ou apoiar protestos online”.
Segundo a Amnistia, Zefzafi foi mantido 176 dias na solitária, enquanto o jornalista Hamid El Mahdaoui passou várias semanas nas mesmas condições.
Morayef referiu que a maioria dos réus no julgamento de Casablanca enfrentou acusações de “incitar”, “participar” ou ser “cúmplices” na agitação, sem provas de responsabilidade penal individual por qualquer ato de violência, e que a maioria das acusações eram incompatíveis com os compromissos de direitos humanos de Marrocos, uma vez que criminalizavam o exercício pacífico dos direitos à liberdade de reunião, associação e expressão.
Rif tem, historicamente, um relacionamento tenso com as autoridades centrais em Rabat, e esteve no centro dos protestos inspirados na primavera árabe de Marrocos, em fevereiro de 2011.
Os últimos protestos ocorreram depois de um pescador, no porto de Al-Hoceima, ter sido morto por um camião de lixo enquanto tentava recuperar o peixe-espada deitado fora pelas autoridades, por ter sido pescado fora da estação.