O ataque-surpresa aéreo israelita contra o Irão, nos arredores da cidade de Isfahan, na madrugada de sexta-feira (na sequência da retaliação militar iraniana ocorrida no sábado passado), elevou o clima de consternação no Médio Oriente.
Para já, não há detalhes precisos sobre os resultados práticos obtidos pela ofensiva israelita, mas os EUA confirmaram que o míssil lançado por Israel, na sexta-feira, tinha como alvo o sistema de radar de defesa aérea perto de Isfahan e avançaram ainda que três explosões foram sentidas no distrito iraniano. Segundo oficiais norte-americanos, o ataque foi efetuado por um avião de guerra israelita que usou tecnologia que permitiu evadir os sistemas de vigilância de radar iranianos.
Com este ataque (que havia sido desaconselhado pela Administração Biden), Israel mostrou que é capaz de atingir diretamente com sucesso o território iraniano e que futuras operações com maiores dimensões poderão ser organizadas por Tel Aviv, caso haja uma escalada de violência entre as duas nações.
Entretanto, Teerão minimizou a escala da ofensiva israelita, alegando que os danos causados não foram significativos e que o ataque terá sido efetuado por agentes infiltradores e não necessariamente por Israel.
Do ponto de vista estratégico, tanto esta operação israelita de escala mínima e a reação aparentemente não-retaliatória por parte do Irão parecem apontar para uma vontade de reduzir as dimensões do conflito direto entre ambos os países. Por outro lado, o incidente de sexta-feira poderá indicar que Israel está mais investido em regressar às táticas alinhadas com a ‘guerra-sombra’, usadas durante décadas para efetuar ofensivas indiretas, e focar-se também nas frentes militares contra o Hamas, em Gaza, e o Hezbollah, no Líbano.
João Sousa