Cabo Verde: PAICV e UCID apostam em emigrantes para a economia

Assembleia de Cabo Verde

O grupo parlamentar do PAICV sugeriu nesta quarta-feira, 16 de dezembro, a criação de uma agência de investimento e um banco de fomento para a absorção dos investimentos dos emigrantes. 

A proposta foi apresentada pelo deputado Júlio Correia durante uma intervenção no debate mensal com o primeiro-ministro, Ulisses Correia e Silva, sobre diáspora e desenvolvimento. Para o representante do maior partido da oposição em Cabo Verde, os recursos dos emigrantes não podem continuar como “uma espécie de chuva, e não há retenção de água”. 

“Há dias dizia-se que a diáspora cabo-verdiana transfere meio milhão de euros por dia. Acho que falta uma capacidade de absorção e encaminhamento desses recursos e veja que isto acontece mesmo em tempo de pandemia. É preciso criar as condições para absorção dos recursos dos emigrantes, é preciso criar um banco de investimento para absorção do investimento do emigrante e uma agência de investimentos virada para os emigrantes”, defendeu. 

Por sua vez, a UCID, também da oposição, apelou ao Governo para que fosse dada maior atenção à diáspora cabo-verdiana. O pedido foi feito pelo dirigente António Monteiro, com o objetivo de que os emigrantes possam ter condições para continuar a contribuir para o desenvolvimento do arquipélago. 

“Cabo Verde é o que é hoje muito graças ao contributo dos emigrantes”, sublinhou. “Foi graças aos nossos emigrantes que Cabo Verde é hoje um país independente, democrático. Se não fossem eles a lutar contra o regime colonial, regime do partido único, hoje, certeza absoluta, Cabo Verde não era o que é hoje. Por isso considero que qualquer que seja o Governo deve dar aos nossos emigrantes uma atenção maior”, disse ainda. 

Primeiro-ministro pede tempo 

Em reação às declarações, o primeiro-ministro declarou que as políticas em curso são boas. Correia e Silva pediu tempo para que o Estatuto do Investidor Emigrante possa produzir os seus efeitos. 

“Fala da absorção dos recursos transferidos pela diáspora, mas não é o Estado, não é o Governo que vai absorver esses recursos. Esses recursos vêm para as famílias diretamente para as contas poupança dos emigrantes nos bancos comerciais, que são contas do emigrante que depois são transformadas em consumo ou investimento. Portanto aqui não há problema direto”, esclareceu, dirigindo-se ao PAICV. 

Segundo o governante, em mercados financeiros pequenos como Cabo Verde os bancos comerciais podem fazer o trabalho de receber os recursos, aconselhar e permitir uma boa aplicação dos recursos dos emigrantes. 

“Não creio que um banco de fomento resolva esse problema e nem uma agência de investimento da diáspora. O que precisamos é desenvolver ainda mais os instrumentos e temos hoje o estatuto de investidor emigrante que foi aprovado há dias e temos de deixar esse instrumento andar e produzir os seus efeitos”, disse.

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