Timor-Leste: Ramos-Horta comenta “incapacidade” do Governo

José Ramos-Horta

O candidato presidencial José Ramos-Horta criticou a “incapacidade” do Governo timorense no que diz respeito à prevenção e resposta relacionadas com as cheias, como aquelas ocorridas em abril do ano passado. Isto porque várias famílias continuam deslocadas, em acomodações temporárias.  

“A não resolução das sequelas das inundações catastróficas que assolaram o país demonstra a incapacidade do Governo em dar resposta ao que é absolutamente prioritário e humano”, disse à “Lusa”. 

As afirmações foram feitas na data que assinala um ano após as referidas cheias. Tratou-se de uma catástrofe natural que causou dezenas de mortos, dezenas de milhares de famílias desalojadas e a destruição de infraestruturas publicas e privadas. 

“Fico muito triste que, ao mesmo tempo que mostram esta incapacidade, agora, em tempo de campanha, façam promessas que eles sabem que são inexequíveis em termos do nosso orçamento, das capacidades do país e que são gravosas em termos de violações de todas as normas”, sublinhou. 

“Por exemplo, a campanha da Fretilin diz que se [o atual presidente] Francisco Guterres Lú-Olo for eleito darão 200 dólares [181 euros] a cada família. Isso só acontece em alguns regimes e nem é competência do PR [Presidente da República], e o executivo não pode fazer promessas tão irresponsáveis, escandalosas e que sabem que não podem cumprir”, acrescentou. 

Nos últimos anos, prosseguiu, “Díli parece abandonado” com total “inação do executivo, apesar de ter tanto dinheiro e de gastar tanto em per diems” para os funcionários. 

Foi deixada uma crítica ao chefe do Governo, Taur Matan Ruak. “O senhor primeiro-ministro deve viver nalgum outro planeta, não no planeta Timor-Leste. Como ele praticamente só faz escritório-casa, casa-escritório, vive como os regimes fechados em si, não tem conexão com a realidade do país”, concluiu Ramos-Horta. 

Campanha eleitoral junta multidões 

A campanha eleitoral de José Ramos-Horta para a segunda volta das eleições presidenciais, que decorre até 16 de abril, tem juntado grandes multidões. Recorde-se que o sufrágio está marcado para 19 de abril. 

O candidato disse nesta segunda-feira, dia 04, que está surpreendido com a grande afluência que as primeiras ações de campanha têm registado. Tal reflete o crescente apoio à sua candidatura na segunda volta, observou. 

“Em Oecusse, no arranque, tivemos mais do que o dobro do primeiro comício, na primeira volta. Vemos a determinação das pessoas na região, onde a Fretilin e a campanha de [Francisco Guterres] Lú-Olo está mais isolada”, partilhou. 

“Estive por lá dois dias, dei a volta pela cidade e quase não se viam bandeiras da Fretilin, um quase repudio total à Fretilin”, avançou ainda. 

O político mencionou que ficou igualmente surpreendido no domingo, em Liquiçá, a oeste de Díli, por estarem previstos apenas pequenos diálogos com a comunidade e ter acabado por haver uma concentração de “quase 2.000 pessoas”

“Durante este mandato do Governo e do Presidente, eu andei pelo país todo e percorri os bairros de Díli. Nem o Presidente nem o primeiro-ministro fizeram isso. Ficaram nos seus palácios”, realçou o candidato que venceu a primeira volta das presidenciais com 303.477 votos (46,56%), tendo Lú-Olo sido o segundo mais votado, com 144.282 votos (22,13%).

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